sábado, 22 de setembro de 2012

Brasil X Itália



Imagem retirada em "Democracia & Politica"

Comecei este "post" pensando em explicar o porquê de ter escolhido a Itália. Mas no decorrer do texto acabei falando mais do Brasil do que sei lá o quê e no fim falei pouco do motivo pela qual me levou a escolher este país como meu mais novo lar. Tive de mudar o título (era "Por que Itália?"),pois não estava satisfeito, tratava-se quase de uma "propaganda enganosa". (rs) Segue então o resultado:  

Ao chegar à Itália, uma das frases que mais ouvi, quando me apresentava como brasileiro era: Por que ter saído de um país próspero e cheio de emprego como o Brasil, e vir para a Itália neste “brutto* momento” de crise?! * brutto  = mau, ruim.

Sinceramente tive vontade de mandá-los para o Brasil (você achou que eu iria para outro lugar, né?!) para obterem suas próprias conclusões a cerca desta questão. O que faria uma pessoa em sã consciência sair de um país próspero, rico e com tanto emprego?  

Em primeiro lugar, obviamente teremos que reconsiderar alguns pontos desta questão. A parte da sã consciência deixemos de lado, e voltemos à parte país próspero, rico e com tanto emprego. Desmembremos então para facilitar o raciocínio: Lembrando que não vou fazer uma análise econômica pormenorizada da real situação do Brasil, mas apenas superficialmente e generalizada.

1) País próspero: Dizer que algo é próspero, é pensar em crescimento, que está melhorando que tem a melhorar. Pode ser?! Pode.

2) Rico: Sem dúvida o Brasil é um país riquíssimo, basta olharmos para o índice cobrado em seus impostos sobre praticamente todos os produtos e serviços que adquirimos e/ou contratamos. Mas uma grande ressalva necessária é dizer que é um país rico, porém com péssima distribuição de renda. Onde muita pessoa vive com quase nada, e outros com muito. E foi-se o tempo em que falávamos: “muitas pessoas com pouco, e poucas com muito”, pois cada dia cresce o número de gente rica no Brasil. E se tiver alguma dúvida, fique alguns minutos na beira de uma rodovia que dá acesso ao litoral, num período de “feriadão” ou numa sexta-feira de verão, e perceberá a quantidade de carros nada populares, levando lancha, Jet Sky... E se surpreenderá com o grande número destes veículos.  

3) Tanto emprego: Brasil é grande isso é fato. Quanto mais pessoas, mais serviços funcionam, quanto mais serviços mais pessoas para cobrir estas vagas. Ou seja, tem oferta, tem procura. Tem desemprego, claro que tem. Parece que tem mais giro de pessoal nestes locais, e isso faz com que de certa forma a economia funcione, pois tem dinheiro circulando. Quando saí do Brasil, percebi que estava acontecendo um “movimento” diferente daquele que estava acostumado. Admirei-me pela quantidade de anúncios em estabelecimentos procurando pessoas para trabalhar  em: postos de gasolina, lojas, construção civil... E nesta última, estava tão escassa a mão-de-obra que até o governo deu um “empurrãozinho” promovendo cursos nesta área, devido ao grande número de empréstimos que fomentaram as vendas de apartamentos e casas, mas isso é outra história, mas o que interessa neste momento é que existia uma oferta maior que a demanda. Eu gostaria de saber onde os jovens de classe menos favorecida poderiam estar trabalhando (se é que estariam) se não nestes locais, mas daí basta lembrar-nos do incentivo do Governo Federal, na inclusão de estudantes em universidades através de programas como o Prouni. Que como sempre, também tem o lado do interesse neste programa, talvez aumentar o índice de brasileiros com nível alto de estudos, e quem sabe tornando o Brasil um país mais “interessante” de investimento internacional. Como diriam: “vestindo um santo para desvestir outro”. Pois o jovem na universidade ele terá no mínimo quatro ou cinco anos de esperança que quando ele terminar o seu estudo terá uma vida melhor, mais digna, muito diferente que seus pais tiveram, e no final, será assim mesmo, como sonharam?!

Mas este papo de muito emprego, é relativo. São falsas crenças que tentam incutir em nossas cabeças, até para acalmar os ânimos. Tem vagas, mas a concorrência é quase desleal. O país deve crescer sim, ter incentivo na criação de empresas/fábricas ou seja lá o quê gere emprego e condições dignas de um cidadão viver.

Mas não se preocupe não me esqueci da pergunta central deste tópico, mas infelizmente tive que dar esta “volta” para chegar até aqui. 1º Sabíamos que a Itália e outros países da Europa estavam em crise. 2º Crise é uma palavra muito conhecida por nós brasileiros, pois desde que me conheço por gente vivia numa. 3º O que seria crise para os Italianos?! Optar por comprar um xampu de cinco euros e não um de 10?! Como no Brasil fazíamos isso sempre, mas com tudo que comprávamos no supermercado?! 4º Sobre impostos pagos no Brasil: Você tem idéia de quantos reais paga para ter iluminação pública, segurança, saúde, água, luz,  um carro, uma casa...?! E mesmo assim em sua maior parte das vezes não tem o serviço que precisa?!

Mas chegando à Itália me deparei com uma situação pior daquela que imaginava. Seria uma questão cultural mesmo, de reações diferentes em situações tanto quanto semelhantes. Por exemplo, como os japoneses reagiram depois de seguidas catástrofes em seu país, o brasileiro e o italiano reagem a formas diferentes diante de uma “crise”. O brasileiro parece saber se divertir mesmo diante de uma situação complicada. Vive mal de dinheiro, mas dedica parte dele para o futebol e a cerveja com os amigos, um churrasco no domingo e parece saber se divertir mesmo com pouco dinheiro no bolso.  

Não estou aqui para julgar o que é certo ou errado, particularmente eu não me sinto bem falando do assunto, uma vez que não entendo nada de economia, tampouco de política pública, sou um leigo no assunto, apenas ouso tentar supor algumas hipóteses. Mas aqui na Itália, me surpreendi com a quantidade de “self service” existentes. Como no exemplo que dei anteriormente, onde os jovens ou até mesmo a população ativa poderia estar inserida, aqui não se vê frentistas nos postos de gasolina, não tem funcionários do supermercado juntando carrinhos de compras pelo pátio, nem alguém para pesar suas frutas/ verduras no supermercado. É claro que a informatização é algo bom, mas como tudo na vida tem no mínimo dois lados, não diferente neste caso, o avanço das máquinas de autoatendimento realmente ocupam o lugar de uma pessoa, assim como também facilitam a vida de um fumante, por exemplo, que precisa sair de casa na madrugada para buscar seu “querido” companheiro e encontra-o lá disponível.  

E isso de certa forma faz com que diminua o número de pessoas empregadas, diminuindo então pessoas que recebem salário, que por sua vez, faz com que estas pessoas consumam menos, e forma um ciclo vicioso, onde cada vez menos circula dinheiro, parecendo que a grande “roda” custe a girar. 

Mas afinal, eu acabei falando em ciclo, roda, e no fim só “enrolei” com este papo e não falei definitivamente o porquê da Itália. Mas acredito que você já esteja acostumado com a minha forma de escrever, uma vez que chegou até aqui, deve ter percebido que em vários momentos eu me desculpo/justifico/defendo e agora, mais uma vez. Lembrei de uma coisa pra variar que remete a este momento sobre os famosos que se queixam da perseguição dos fãs e da imprensa. Está certo que ninguém acorda todo dia igual, e que às vezes não está no seu melhor dia, mas se a pessoa é famosa e não aceita isso de forma alguma que procure outra profissão anônima ou que não se exponha tanto. E lembrei-me disso, pois sempre tive muita dificuldade em me expor tanto, mas tive que ultrapassar esta dificuldade senão não estaria aqui escrevendo para tantas pessoas (pelo menos espero que mais de uma leia isso). Mais este recurso para tentar explicar o motivo pelo qual escolhi a Itália, terei de expor um pouco a minha vida que assumo não fazer isso com o melhor grado. Pois bem, lá vai: Eu sou brasileiro com descendência alemã por parte da minha mãe, e portuguesa por parte do meu pai que diga-se de passagem que nem sei em qual grau, e conheci uma jovem ragazza ítalo-brasileira que desta história de conhecimento e amor, resultou no nosso casamento. E sempre tive uma grande vontade de sair do Brasil, e confesso que não morria de amores pela Itália. Mas como minha esposa é descendente de família advinda da Itália, resolvemos resgatar estas raízes indo começar nossa vida conjugal no país em formato de bota. E penso que expliquei pelo menos um pouco sobre o porquê da Itália, certo?!   
  

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