segunda-feira, 3 de março de 2014

A vergonha de ser este brasileiro.




Às vezes me pego pensando a respeito da atual situação do Brasil, e logo penso nas pessoas de bem que ainda vivem por lá. Existem as pessoas de bem que são felizes independente de qualquer coisa que aconteça no país, e outras que definitivamente estão insatisfeitas com tudo que as circunda. 


Sem entrar em discussões sobre administração pública, não importando partido político, religião, gênero, time do coração, cor favorita… Nada neste momento entra em questão. O que importa realmente è que mesmo o mundo acabando lá fora, o limite do cartão de crédito estourando,  a prestação do carro novo vencendo,  e tudo o mais que tiraria a calma de qualquer pessoa em sã consciência, è que temos alguns dias de folga devido ao carnaval, e há poucos dias do maior evento mundial, e desta vez bem pertinho, diretamente do “país do futebol”. 

È triste saber que somos filhos de uma pátria onde comemora um festa como qualquer país do mundo pode comemorar e comemora, que tem mulheres que expoem seus corpos de forma até menos vulgar que qualquer outro país do mundo pode expor,(quem saiu do Brasil já deve ter visto muita coisa a respeito e sabe do que estou falando) que torce, sofre, briga e até mata pelo futebol como qualquer outro país do mundo o faz, e no fim das contas que leva a fama e a infeliz imagem do país : do carnaval, do paraíso da prostituição, do futebol… E eu até já estava esquecendo do tão famoso “jeitinho brasileiro”, que convenhamos temos este “jeitinho” em todos os paises ,(obviamente em diferentes proporções)  mas adivinham quem leva a fama?! Eu percebo isso cada dia que vejo um italiano sonegando imposto, outro furando fila no supermercado, outro estacionando em local exclusivo para cadeirantes e obviamente não sendo o seu caso, e por aí vai. (Já escrevei sobre o Jeitinho antes).

“Rimos para não chorar” o que muitas vezes dizemos, è uma forma de canalizarmos um pouco as angustias do mundo real, mas parece que grande parte do “país do futebol” vive desta forma exclusivamente. Dizem também que a ignorância è um grande fator de proteção, e percebemos que a esmagadora maioria está vacinada e muito bem protegida. A história do país vem confirmando cada dia que aquela criança raquitica, orfã chamada -  Brasil, cresceu e foi até longe demais pelo o que o mundo esperava que iria quando a viu nascer nas condições que foi concebida. 

Todos os dias eu penso no Brasil. Não sei se quero me convencer que longe dele è melhor, mas só sei dizer que do jeito que está não dá. Muitos me perguntaram (e ainda perguntarão): E saindo do Brasil, è a forma que tu julgas melhorá-lo?! E eu respondo: Cada um è livre para pensar e viver como julga ser melhor. Cada um tem direito a fazer e lutar por suas escolhas, assim como vocês estão aí, eu tenho o direito  de fazer o que julgo ser melhor, principalmente de estar cansado de “malhar em ferro frio”.

Não sei como existem pessoas que conseguem ter uma noite de sono tranquilo. Deitar a cabeça dia após dia no travesseiro, após passar um dia desviando verbas públicas, usando benefícios de seus cargos para fins pessoais, enquanto um grande número de pessoas estão sofrendo na pele as consequências disso. Estou fazendo um esforço inimaginável para evitar usar palavrões para expressar a minha indignação. Mas vocês são livres para “ilustrar” este texto com palavras que julgarem cabíveis. 

E no fim, nada disso que eu falo importa, ou interessa a muitas pessoas.   Pois tem muita gente sendo beneficiada com a *pobreza (*de uma forma geral: de espirito, conhecimento, discernimento…), e me desculpem os patriotas, mas um país que seu povo toma na cabeça (imaginem onde mais pode ser), e que tem coragem de sair à rua para comemorar uma festa conhecida também pela promiscuidade sexual (como o próprio nome carnaval muitas vezes è entendido), chega ao cúmulo de sediar um evento de tal porte como a Copa do Mundo, que permite a compra de votos todos os dias do ano da maneira mais absurda que existe… Não merece o meu  amor, não è digno da minha presença, pois como um crime que testemunhamos e negligenciamos , e assim somos coniventes, eu não aceito esta realidade, e se è esta imagem que o mundo continua vendo os  brasileiros, desta forma eu me envergonho, e se realmente è o país do futebol, carnaval, e do paraíso sexual, isso não me identifica em nada. Este não sou eu.

E acredito, se você leu este texto até aqui e se sente indignado com o que acontece com o nosso país, e não se enquandra nestes rótulos distorcidos, compartilha certamente desta vergonha. 


Fonte da imagem título: 
Vergonha de ser brasileiro - Aqui o palhaço é você!

2 comentários:

  1. Não considero o Brasil mais vítima do que qualquer outro país. Digo isto pela imagem que o mundo tem daqui. Acredito que seja comum, para os estrangeiros, imaginarem que aqui só tenha moleque jogando futebol e mulata sambando, enquanto alguém passa por estes oferecendo "caipiurinha"; e todos estes personagens estão semi-nus. Estereótipo.

    Temos muitos brasileiros aqui (e no mundo) que integram (e até lideram) equipes científicas, nas mais diversas pesquisas que se fazem no mundo, promovendo o conhecimento e novas descobertas. Temos trabalhadores. Temos os honestos... E temos aqueles que preferem o egoísmo ao coletivismo. E estes, por enquanto, ainda prevalecem sobre todos os outros. Isto e mais um monte de coisas forma a cultura do Brasil.

    Antes, eu criticava fortemente quem saia do país pra buscar uma vida que lhe satisfizesse e, saindo daqui, apenas criticava o que deixou pra trás. Hoje em dia, não critico ninguém que saia. Buscar uma condição melhor para si é tão legítimo como o direito à vida. Sobre criticar o Brasil, acho que todos podem. Mas...

    Só espero que quem esteja fora daqui, não leve o que existe de ruim no brasileiro. Não dê mais argumentos para que o mundo pense que o Brasil é um lugar apenas de um povo sem educação. E pior do que a crítica de quem sai, eu considero dos que nunca saem daqui tempo o suficiente para fazer uma comparação justa. Estes, de fato, não estão contribuindo para melhorar coisa alguma por estas terras.

    E enquanto isso, eu fico por aqui, fazendo o que dá. Fazendo minha parte. Eu tenho muita esperança no Brasil, assim como tenho esperança em qualquer outro país; espero que as pessoas (independente de suas origens) sejam melhores como seres humanos. Por fim, espero poder ver o dia em que brasileiro nenhum tenha vergonha do país quem nasceu.

    Grande abraço!

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    1. Obrigado por contribuir com o teu comentário, é muito importante para conhecermos outras formas de ver um mesmo assunto. Aproveito também para acrescentar informações sobre esta postagem. No presente texto "A vergonha de ser este brasileiro", procuro salientar a imagem distorcida do brasileiro que muitas vezes é difundida pelo mundo. E justamente è esta imagem distorcida do brasileiro que me envergonho. Nunca me envergonhei de ser brasileiro, e sempre me apresento como tal sem motivo algum de esconder a verdade. Mas infelizmente percebo que existem brasileiros fora do Brasil que parecem fazer questão de “queimar o filme” dos seus compatriotas, justamente vivendo da mesma forma “errante” como estavam habituados a fazer no Brasil, trazendo aquele velho conhecido “jeitinho”, malandragem e até contravenções que por força do hábito já trazem intrinsecas a suas condutas e diferente do país de origem, fora são punidos e assim só aumenta as estatísticas de estrangeiros contraventores. Como já concordamos antes, eu não critico quem sai do Brasil ou quem fica, seja qual for sua decisão, mas um certo tipo de brasileiros que vive no exterior de forma arrogante negando suas raízes, acreditando ser indivíduo superior por possuir também um passaporte europeu por exemplo. Jamais deixarei de reconhecer minhas raízes, pois indubitavelmente são bem diferentes daqueles “tipos” que me fazem envergonhar de pertencer a mesma nação, pois assim como eu, existem tantos outros brasileiros que procuram levar a melhor imagem da sua terra natal, procurando conduzir seu comportamento totalmente ao contrário daquilo que abominam.

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