sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O tempo relativo e a expectativa das mudanças imutáveis




Bom dia meus queridos leitores, 


Pois bem, então após algum certo tempo distante do Brasil, tive oportunidade de fazer uma visita. E nada melhor como poder rever reviver alguns lugares antes que faziam parte da minha realidade, e que há algum tempo eram presentes apenas em algumas lembranças. 



Aterrissar no aeroporto internacional Salgado Filho e independentemente  da direção que tomarmos è possível  perceber o quão grande é a diferença social encontrada no Brasil.



O tempo sempre é relativo e entendemos bem isto quando perguntamos o significado da espera de alguns meses a uma gestante que ansiosamente aguarda para ter sua amada criança ao seus braços, ou mesmo para um marinheiro que espera dias numa embarcação para tornar a casa, os minutos parecem não passar, e cada segundo é uma eternidade, o contrário também percebemos quando estamos batendo papo com uma ótima companhia, as horas passam tão depressa. 



Quando estamos vivendo longe das nossas raízes muitas vezes o tempo parece passar num tempo diferente daquele que estávamos acostumados. Ter notícias do Brasil quando estamos longe,  seja através do que as pessoas nos dizem ou das mídias não è a mesma coisa que quando estamos em terras “tupiniquins”.   O idioma que ouvimos na televisão que agora soa com uma certa fluidez aos nossos ouvidos, a conversa entre funcionários do supermercado, e principalmente ouvir aquele sotaque gaúcho dificilmente não nos remete as nossas principais experiências vividas há muitos anos por aqui. Mas aquela esperança que muita coisa teria mudado no Brasil, não frustra mais pois o costume já muito preparou que por aqui nada mudará significativamente nas próximas décadas. 



 Como poderia mudar algo que ainda é imutável?! Grifo a palavra ainda. 



Algumas ruas podem mudar os sentidos das mãos, os terrenos que antes eram vazios, e agora são espaços para grandes construções,  as casas mais velhas hoje são “sobradinhos” novos, ou apenas alguns móveis distribuidos  diferentemente, são mudanças, pequenas mudanças,   mas “no fundo, bem no fundinho” a essência è a mesma,  e nada mudou.  Nada mesmo. Sendo muito otimista è claro, para não dizer que mudou para pior. 



Dizem que nos adaptamos rapidamente com uma nova cultura, talvez até mais rápido que nos (re)acostumamos com a nossa antiga vida ao retornar,  e lembro dos jovens filhos de coronéis que sairam no fim do século XIX rumo à Europa, e já traziam novas “manias” e novos modos de se comportarem, mas isso è outra história…



Mas infelizmente, estar no Brasil me aproxima de algumas situações que há muito não experienciava. Viver num país inseguro. E na primeira oportunidade de um atividade social por aqui, já fomos assaltados com uma notícia de que um familiar após uma festa não havia voltado a casa, ninguém sabia dele, sem contato através do celular, e ninguém sabia do seu paradouro.  O que pensar nestas horas?! Depende, quem vive a realidade no Brasil pensa de uma forma, quem está acostumado com a vida na Itália sem dúvida seus pensamentos teriam outro rumo.  



É meu “jovem” Brasil, você não muda mesmo né?! Tem ainda muito o que aprender.  Fui mais uma vez tolo ao acreditar que tratava-se de exagero da minha parte, quando eu contava para meus amigos italianos que você era um lugar inseguro, e que ninguém se sentia protegido e preservado da violência destas terras.


Fonte da imagem: Foreveryoung25

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