segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Morar no exterior: Uma reflexão sobre a saudade


Segue o texto narrado no vídeo acima: 

Quem nunca soube uma história de uma pessoa que perdeu alguém na vida?! Alguém que viveu o restante ou a totalidade de seus dias com algo a menos, ou a mais... E entende-se este “algo a menos ou a mais” como um soluço que nunca mais passou, uma enxaqueca que não pára de martelar a cabeça, algo mal resolvido “entalado na garganta”, uma perda, uma lembrança, um trauma, um ouvido entupido que parece enlouquecer, o corpo saudável que não existe mais, ...seja lá o que for, e a lista seria enorme.

Saudade é uma palavra meio complicada até de explicar, (não é à toa que segundouma pesquisa britânica, seria a 7º palavra mais difícil de traduzir)   ela seria talvez não a existência de algo mas sim o vazio que nos toma. Um paradoxo?! Talvez. A saudade é presente, mas ela nos deixa um vazio. Como aquela frase de “o que é o que é”: Quanto mais se tira, maior fica. Que hoje, neste momento, não pestanejaria em responder: a saudade.

Muitas vezes só passamos a valorizar algo quando perdemos. Isso não é novidade para ninguém, eu sei. Mas a minha pergunta é: Afinal, quando iremos aprender de fato sobre isso, e agirmos hoje?! Então, não se esqueça de falar para a pessoa que você ama o que você sente por ela. Insisto em dizer, não precisa forçar, sei que é difícil muitas vezes isso, mas fale o que você sente do seu jeito. Seja através de um abraço mais longo, um bilhete, ou até mesmo palavras que farão entender. Eu tinha dificuldade em dizer que sentia saudade da minha avó, eu passei a dizer que gostaria muito de vê-la, ou simplesmente eu a procuro. Não precisamos sequer usar uma palavra. 

Não usarei estatísticas, pois não tenho propriedade alguma para falar sobre tal porcentagem, mas a maior parte das pessoas que eu soube que foram morar fora do Brasil, e retornaram após algum tempo, a maioria me disse que voltaram para o território brasileiro, devido principalmente à saudade da família.

Se você que esta aqui lendo esta postagem, pensa em sair do Brasil, talvez tenha pensado neste ponto muito importante da falta que poderá sentir de sua família, amigos, e tudo que te circunda. Mas sabemos claramente que a “vida é feita de escolhas”.

E sobre esta escolha minha, de livre e espontânea vontade eu prossigo.

Alguém em sã consciência que sofre por algo que buscou, ou seja está sofrendo por conseqüência de alguma escolha sua,  como poderia reclamar?! Ilustro com um exemplo, aproveitando o assunto. Alguém que sai do Brasil para buscar uma vida melhor seja lá em qual sentido, e com a distância da família sofre. Ela está sofrendo por que quer?! Por uma escolha. Seria um masoquista?! Seria muito fácil dizer para esta pessoa: “Volta para casa!”, afinal é sempre muito fácil apontar e dizer o que os outros devem fazer. 

Falando nisso, um dia me perguntaram por que eu saí do Brasil, e eu respondi:

-- Quando chegamos num certo ponto em nossa vida, que aprendemos a discernir bem o que é certo o que é errado, o que julgamos bom ou ruim para nós, nossas escolhas parecem estar mais consolidadas, e justamente neste período, eu decidi que eu não me sentia plenamente satisfeito no Brasil.

Percebi que existe uma linha tênue entre felicidade e satisfação, e que de fato felicidade é um “pote de ouro” depois do arco-íris difícil de alcançar. (apesar de não concordar com minha própria afirmação, erroneamente muitas vezes acreditamos piamente nisso.) E com o tempo pude perceber que com a minha insatisfação daquela vida no Brasil, por mais plena que fosse em todos os âmbitos (família, amigos, reconhecimento profissional...) no fundo eu sempre era insatisfeito, e me desculpem aqueles que vivem “dentro de um morango”, mas vida 100% feliz e alegre só em comerciais de TV...
 
Então a vida não é tão precisa como na matemática, onde somar um valor, subtrair outro e ainda obter resultados positivos não é bem assim. Mudar de vida não é como trocar o “X” de lado e inverter o sinal, mas sim crescermos a cada dia, e aprendermos com todos os valores sejam daquilo que acrescentamos em nossas vidas, como aquilo que deixamos para trás, ou aquele vazio que só quem sente sabe.

Ah, a saudade que me perguntaram, eu deixei de lado um pouco, ficar pensando nela não está com nada. Deixe-a para trás, deixe de pensar pelo menos um pouco na falta que certas pessoas te fazem, e se elas ainda estão no mesmo plano de você, porém distantes fisicamente, pega o telefone e liga para ela agora, não depois. E se a pessoa mora perto, mais fácil ainda, não esqueça, expresse os sentimentos do seu jeito, não forçando seus limites. E se mesmo assim, decidir se afastar daqueles que são muito importantes, não deixe de ter,antes de partir, uma ótima relação com eles, pois esta definirá o quão bem lidará com a distância ou saudade, como preferir denominar.

E que muitas vezes aquele que sofre e se desespera diante da perda de alguém, tenha muito mais questões mal resolvidas em comparação daquela pessoa que aceita aquele momento, afinal já fez o que teria de ser feito quando era tempo.

Para ilustrar gostaria de citar a frase que acredito ser de autoria de ANNE FRANK: “os mortos recebem mais flores que os vivos porque o remorso é mais forte que a gratidão”. 


Finalizo lembrando que a saudade existe, e nunca deixará de existir. A vida é assim, a saudade não passa, mas aprendemos a conviver com ela. A escolha sempre será nossa no que se diz respeito “o que faremos com ela?”                                                                         Texto de Felipe Petry *

*Só para relembrar a quem possa interessar, que todos os textos do Blog TornoSubito8, são de minha autoria (por ventura se houver algum que não seja SEMPRE irei citar o autor reconhecendo assim seus créditos) sendo assim possuem direitos reservados e protegidos por lei

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